Entrevista com Edcity - David Gouveia Notícias

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24/10/2010

Entrevista com Edcity


Você nasceu no interior da Bahia, em Pojuca, e foi criado em Catu. No que esses lugares te inspiraram para fazer música?
ED CITY: Eu nascei em Pojuca e com um ano fui para Catu. Lá me criei e me desenvolvi. Mas minhas influências todas vêm do meu pai. Ele tinha um sambão, que é como a gente chamava um grupo de pessoas que tocavam instrumentos de percussão. Ele tocava nos fins de semana e os instrumentos ficavam no fundo do quintal. Eu ficava retado porque ele não me deixava mexer. Só que um dia juntei uns amigos e fomos fazendo uma zoada lá mesmo. As pessoas ficavam: "para com essa zona, não aguento mais!". Era uma bateção de lata... Queríamos arrumar um cantor e acabei eu mesmo cantando.

Afinal, o que é esse pagode baiano que tanta gente fala?
ED CITY: O pagode baiano vem do samba de roda, do samba do Recôncavo mesmo. Inserimos alguns elementos nele e nessa transformação, passamos a chamá-lo de groove arrastado. Esse nome vem desde antes do meu trabalho solo.

Um dos elementos é o kuduro. Como você o conheceu?
Foi na internet. Vi uns vídeos. Quem me mostrou a música foi um cara que já tinha a base, sabia como fazer. O legal do Kuduro é que eles falam de cultura, de temas sociais, é uma cultura de Angola. E que tem a ver com os brasileiros, em especial com os baianos. Por isso que coloquei na música (Kuduro) o que é o ritmo, de onde veio, falei o que era o ritmo.

Vocês falam de temas sociais, e é difícil a míusica da Bahia, pelo menos nos hits, fazer isso. Você se sente aceito no meio do axé?
Pois é, é difícil, porque todo mundo pensa que a Bahia é só "segura o Tchan" e Rebolation. As pessoas não conhecem a gente. A Bahia já vem há muitos anos com essa reboladeira, essa coisa de "mexe a bunda". Mas a gente tem espaço, temos um lugar. Há uma certa resistência, sim. Muita gente ou não entende ou não quer entender, falam que nossas letras fazem apologia da violência. Só que a gente está só avisando, conscientizando. É como o rap, né? Eles também conscientizam e sofrem discriminação, acham que a música incentiva o crime...E a galera quer rotular como axé tudo que toca em trio elétrico. Só que se o rock tem muitos estilos, o axé também pode ter.

Você curte funk também?
Cara, só o Claudinho e Buchecha. Esse funk mais baixo astral que faz sucesso, não gosto. Aqui na Bahia, tem um pessoal que pega os funks aí do Rio e bota em ritmo de pagode, sabia? E nego nem sabe que é funk. Mas não tem nada a ver com a nossa ideologia.

Você gostava do axé das antigas, dos anos 90?
Com certeza, ouvia muito naquela época. Músicas do Tchan e do Terra Samba já estavam no nosso repertório.

O Parangolé, onde você cantou, era uma sensação enorme na Bahia, que o Rio e SP não conheciam. Como era o Fantasmão?
Na verdade, o Parangolé teve muitos altos e baixos. A banda estava parada quando entrei. Já tinha feito muitos sucessos, vendido 100 mil cópias. Eles queriam retomar o projeto. Vim do interior, eles gostaram de mim e me chamaram. Foi bacana, peguei uma banda que já tinha história. Com o Fantasmão, tive três anos intensos de puro trabalho. Com seis meses já tocávamos no carnaval de Salvador. O nome do grupo surgiu porque quando saí do Parangolé, tinham umas pessoas que não gostavam de mim, falavam que "ah, agora ele saiu da banda, não vai para lugar nenhum...". Queria colocar um nome que assustasse e surpreendesse as pessoas, não só pela sonoridade, mas pelo nome.

E como você viu esse convite para o PercPan 2010?
Ficamos surpresos no começo. A gente não esperava mesmo. Mas o pessoal do evento disse que era um reconhecimento, que se você faz o seu trabalho bem feito, um dia você é reconhecido. A expectativa é grande. Não vamos fazer um show tão popular. Vamos fazer uma apresentação específica mesmo para o PercPan. Tem músicas de Milton Nascimento, como Canção da América, na set list, além de algumas coisas mais conceituais, no nosso estilo. Te falo que ninguém aguenta mais ensaio! A galera tá estressada!

Preparado para estourar fora da Bahia?
Temos muitos fãs no Brasil inteiro. Vamos fazer um ano do novo projeto. A gente sabe que para aprender a caminhar, tem que rastejar. Estamos subindo degrau por degrau, bem devagar. Não temos nem empresário, somos independentes mesmo. Estamos tendo cautela. Vamos planejar uma turnê nacional assim que der.



Fonte:http://http//www.blogedcity.com/

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