Uma imagem de terracota representando Nossa Senhora da Conceição descoberta em Itu (SP), pode confirmar a tese de que a cidade paulista foi o berço do barroco sacro brasileiro. A escultura, de 40 cm de altura, estava camuflada por camadas de tinta que escondiam os traços originais. A peça, de mais de 300 anos, proveniente de um oratório particular, foi doada à Secretaria da Cultura da cidade e era apresentada como se fosse do século 19.
O pesquisador Marcelo Galvão de Souza Lima precisou raspar as camadas para encontrar a pintura original. Segundo ele, é muito provável que a escultura seja de Frei Agostinho de Jesus, monge da Ordem de São Bento, que teria mantido no Estado de São Paulo a primeira escola brasileira de arte sacra. Nascido no Rio de Janeiro, o religioso viveu em Itu e morreu em São Paulo, em 1661. Estudiosos acreditam que a obra do beneditino serviu de inspiração para o mestre do barroco mineiro, Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que viveu mais de um século depois.
De acordo com o pesquisador, as repinturas desfiguraram a imagem escondendo os chamados estilemas - características pessoais de cada artista. "Quando observei melhor, percebi que não era uma escultura comum", disse Lima. Autorizado pela secretaria, ele fez a raspagem de um detalhe da peça - um dos anjinhos que acompanham Nossa Senhora - e chegou às características originais. "A tinta acabou servindo como uma camuflagem e talvez tenha evitado que a peça fosse para uma coleção particular ou para o exterior", falou.
Segundo ele, o autor usou o barro escuro da região, rico em matéria orgânica que, diferentemente do barro vermelho, rico em minerais, não exige um processo longo de queima. A matéria prima é a mesma usada pelos índios para produzir material cerâmico, como as urnas mortuárias. Imagens de santos produzidas em Itu nesse período foram levadas para igrejas de Minas Gerais. "Como lá havia ouro, as igrejas tinham recursos para importar imagens de outras regiões", explica o pesquisador, que resgatou em Ouro Preto imagem em terracota de Nossa Senhora da Conceição de autoria também atribuída a Frei Agostinho. "É uma peça menor, mas com os mesmos estilemas".
A prefeitura de Itu vai pedir o apoio do Museu Paulista, da USP (Universidade de São Paulo), para definir a antiguidade da escultura. Lima acredita que a obra foi feita por volta de 1640. Ele pretende organizar em Itu uma exposição das obras já conhecidas de Frei Agostinho. Algumas delas, pertencentes à coleção do juiz de Direito Ary Casagrande Filho, estiveram expostas pela primeira vez este ano no Palácio da Justiça, em São Paulo. "São peças de 1635 a 1660 e mostram que o movimento barroco, trazido pelos religiosos portugueses, se manifestou inicialmente na região de Itu, Sorocaba e Santana de Parnaíba, tendo seu apogeu em Minas, já no século 18, com Aleijadinho", explicou.
O pesquisador Marcelo Galvão de Souza Lima precisou raspar as camadas para encontrar a pintura original. Segundo ele, é muito provável que a escultura seja de Frei Agostinho de Jesus, monge da Ordem de São Bento, que teria mantido no Estado de São Paulo a primeira escola brasileira de arte sacra. Nascido no Rio de Janeiro, o religioso viveu em Itu e morreu em São Paulo, em 1661. Estudiosos acreditam que a obra do beneditino serviu de inspiração para o mestre do barroco mineiro, Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, que viveu mais de um século depois.
De acordo com o pesquisador, as repinturas desfiguraram a imagem escondendo os chamados estilemas - características pessoais de cada artista. "Quando observei melhor, percebi que não era uma escultura comum", disse Lima. Autorizado pela secretaria, ele fez a raspagem de um detalhe da peça - um dos anjinhos que acompanham Nossa Senhora - e chegou às características originais. "A tinta acabou servindo como uma camuflagem e talvez tenha evitado que a peça fosse para uma coleção particular ou para o exterior", falou.
Segundo ele, o autor usou o barro escuro da região, rico em matéria orgânica que, diferentemente do barro vermelho, rico em minerais, não exige um processo longo de queima. A matéria prima é a mesma usada pelos índios para produzir material cerâmico, como as urnas mortuárias. Imagens de santos produzidas em Itu nesse período foram levadas para igrejas de Minas Gerais. "Como lá havia ouro, as igrejas tinham recursos para importar imagens de outras regiões", explica o pesquisador, que resgatou em Ouro Preto imagem em terracota de Nossa Senhora da Conceição de autoria também atribuída a Frei Agostinho. "É uma peça menor, mas com os mesmos estilemas".
A prefeitura de Itu vai pedir o apoio do Museu Paulista, da USP (Universidade de São Paulo), para definir a antiguidade da escultura. Lima acredita que a obra foi feita por volta de 1640. Ele pretende organizar em Itu uma exposição das obras já conhecidas de Frei Agostinho. Algumas delas, pertencentes à coleção do juiz de Direito Ary Casagrande Filho, estiveram expostas pela primeira vez este ano no Palácio da Justiça, em São Paulo. "São peças de 1635 a 1660 e mostram que o movimento barroco, trazido pelos religiosos portugueses, se manifestou inicialmente na região de Itu, Sorocaba e Santana de Parnaíba, tendo seu apogeu em Minas, já no século 18, com Aleijadinho", explicou.
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