Torcedora gremista nega racismo, chora e pede perdão - David Gouveia Notícias

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05/09/2014

Torcedora gremista nega racismo, chora e pede perdão

Flagrada pelas câmeras da ESPN chamando o goleiro Aranha, do Santos, de "macaco", durante partida entre a equipe paulista e o Grêmio, na semana passada, a torcedora Patrícia Moreira convocou coletiva nesta sexta-feira para se desculpar pelo episódio.

Na quinta, ela teve que ir à Polícia Civil prestar depoimento sobre o caso. Por causa de sua atitude, o Grêmio foi excluído da Copa do Brasil pelo STJD.

"A palavra de 'macac'o não foi racismo, foi no calor do jogo, estávamos perdendo. Peço desculpas ao Grêmio, à nação tricolor. Não queria prejudicar o Grêmio. Eu amo o Grêmio. Desculpa, Aranha. Perdão, perdão, perdão, mesmo. Eu não sou racista", limitou-se a dizer a torcedora gremista, que chorou muito e não respondeu perguntas.

Quem atendeu à imprensa foi seu advogado, Alexandre Rossato. Segundo o profissional, chamar um jogador de "macaco" no estádio não configura racismo ou injúria racial.

"Falar 'macaco' no contexto do jogo de futebol não á racismo. É apenas um xingamento, como inúmeros outros. A própria mãe dos árbitros vêm sofrendo historicamente com xingamentos", discursou Rossato.

O advogado também revelou que Patrícia, que perdeu o emprego após o episódio, quer se encontrar com Aranha para pedir desculpas pessoalmente ao arqueiro do Santos.

"Ela deseja muito esse encontro. O que ela mais quer é pedir desculpas ao Aranha. Não tem nada agendado, até porque não tenho contato com o Santos, mas estou à disposição deles se eles quiserem organizar isso", disse.

A torcedora prestou depoimento à polícia na última quinta, mas ainda não foi indiciada por crime de injúria racial. Rossato, portanto, preferiu não falar sobre uma possível prisão.

"Existe pena prevista em lei de reclusão por racismo, mas vamos aguardar. Não podemos falar em pena, uma vez que ela sequer foi indiciada. Temos que aguardar a conclusão do inquérito", afirmou.

"A vida dela acabou"

Segundo Alexandre Rossato, a vida de Patrícia Moreira "acabou". O advogado confirmou que a gremista vem recebendo ameaças desde o episódio de racismo, e que, mesmo que não seja condenada pela Justiça, já foi "julgada pela sociedade".

"Ela sofreu ameaças e vem sofrendo. Teve que sair das redes sociais, perdeu a vida dela. Devido à exposição à qual foi submetida, já está julgada socialmente. Independentemente do inquérito, ela já está julgada pela sociedade", salientou.

Apesar disso, Rossato espera que o caso seja um marco para ajudar a acabar com o racismo nos estádios de futebol e em todo o país.

"Esse caso vai ser um marco para efetivamente terminar com o racismo. Não me refiro só ao Rio Grande do Sul, porque o racismo está inserido em toda a sociedade, é um problema social. Não podemos jogar tudo em cima da menina", opinou.

Msn

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