O
deputado federal Jorge Solla (PT-BA) entregou, nesta quinta-feira (17),
à CPI da Petrobras cópias de documentos da contabilidade extraoficial
da Odebrecht do fim da década de 80, que aponta o pagamento de propina
para políticos como percentual das obras executadas pela empreiteira
naquele época. O material original foi entregue ao delegado Bráulio
Cézar Galloni, coordenador-geral da Polícia Fazendária, na sede da
Polícia Federal, em Brasília.
Na
lista, há políticos aposentados e parlamentares que estão na ativa,
como o deputado federal Antônio Imbassahy (PSDB), que é membro da CPI e é
identificado com o codinome de “Almofadinha”, listado como beneficiado
da obra da barragem de Pedra do Cavalo, na Bahia. Imbassahy foi
diretor-presidente da Companhia de Eletricidade da Bahia (Coelba) e
ficou no cargo entre 79 e 84, cinco dos seis anos de execução da obra.
Neste mesmo período, o tucano foi também membro e depois presidente do
Conselho da Companhia do Vale do Paraguaçu (Desenvale), estatal que
contratou a obra.
De
acordo com o Solla, o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU),
Aroldo Cedraz, também aparece na lista com codinome de “Toldo” e está
vinculado à Adutora do Sisal. Na época, ele ocupava o cargo de
presidente da Companhia de Engenharia Rural da Bahia (CERB) e foi
secretário de recursos hídricos e Irrigação da Bahia.
No
documento da Odebrecht, aparece ainda a construção de um Transporte de
Massa Salvador, apresentado como uma proposta de VLT. O projeto foi
encomendado pelo poder público à Odebrecht. “Nada foi construído, mas
segundo os antigos contabilistas da Odebrecht, dinheiro público foi pago
e desviado por propina”, destacou Solla.
“As
pessoas que me entregaram este material me contaram que a distribuição
de propina se dava por depósito bancário – na agência do falido banco
Econômico que tinha dentro da sede da Odebrecht, em Salvador – mas
também na calada da noite. Das 9 horas da noite às 2 da manhã era a hora
que os políticos e agentes públicos envolvidos no esquema iam pegar
suas caixinhas de camisa recheadas de dólar”, disse o deputado.
O
petista destacou que boa parte dos pagamentos era feito em dólar, como
consta nas anotações. “Mesmo para obras realizadas no Brasil, havia a
orientação escrita para transformar em dólar black e pagar. Para quem
não lembra, o dólar black era o dólar do mercado negro, era
comercializado ao arrepio da lei, por quem praticava contravenção”,
disse. Segundo ele, os políticos que interessava a Odebrecht pagar
propina regularmente eram direcionados para a DGU (Diretoria-Geral da
empresa), sem vinculá-los a nenhuma obra.
“Vamos
parar com esse conto da carochinha que vocês e o pessoal lá de Curitiba
quer contar pra população, porque não convence mais ninguém.
Empreiteira pagar propina a agentes públicos e políticos como
percentuais em cima de obras, a gente tá vendo aqui, é mais velho que
nossa democracia”, disparou Solla.
Entre
os políticos aposentados ou já falecidos, aparecem também nalista os
nomes de Cesar Cals, ex-ministro de Minas e Energia, Ary Valadão,
ex-governador de Goias e Gerson Camata, ex-governador do Espírito Santo.
O ex-senador Lazaro Barbosa (PMDB) aparece como Paris.
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