A presidente da República Dilma Rousseff (PT) assinou ontem decreto
que eleva o salário mínimo a partir de 1º de janeiro de 2016 para R$
880, o que é R$ 92 mais do que os atuais R$ 788 e corresponde a alta de
11,6%. Dessa forma, segundo o o governo, foi mantida a política de
valorização do mínimo, como em anos anteriores, seguindo a regra de
reajuste com base na inflação deste ano medida pelo INPC (Índice
Nacional de Preços ao Consumidor) mais a variação do PIB (Produto
Interno Bruto, ou seja, a soma das riquezas produzidas no País) de dois
anos atrás.
O PIB do ano passado ficou em 0,1%, enquanto o INPC nos últimos 12
meses até novembro está em 10,97% e, segundo o Ministério da Fazenda,
deve fechar o ano em 11,57%.
A elevação também é maior do que a determinada ao piso salarial no fim
de 2014 para este ano, que alcançou 8,8%. O cálculo levou em conta a
inflação medida pelo INPC do ano passado (6,2%) mais o crescimento da
economia do País em 2013 (2,49%) e, na prática, representou incremento
de R$ 64.
Para o
economista Sandro Maskio, que é coordenador do Observatório Econômico da
Universidade Metodista, a manutenção da regra de reajuste tem dois
aspectos, um bom e outro ruim. “O positivo é que, pelo menos na última
década, foi um dos grandes responsáveis pela redistribuição de renda na
economia. Fala-se muito do Bolsa Família, mas o impacto do volume de
recursos (com a política de valorização do mínimo) é grande, porque tem
capilaridade forte”, disse.
Segundo dados do próprio governo, o aumento beneficia cerca de 48
milhões de aposentados e trabalhadores urbanos e rurais que recebem o
piso nacional em todo o País. Formalizada por lei em 2007, essa política
garantiu alta real de 76% entre 2003 e 2015, de acordo com a
administração federal. Em 2016, conforme dados do Dieese (Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), representará
incremento de renda na economia brasileira de R$ 51,5 bilhões.
O lado negativo, aponta Maskio, é o impacto nas contas públicas, por
causa da pressão sobre os gastos da Previdência Social, cujas regras têm
passado por mudanças para restringir o acesso aos benefícios. Ele
acrescenta que a elevação impactará no Orçamento federal, num momento em
que o governo adota medidas de ajuste fiscal para alcançar superavit
fiscal. De acordo com o Ministério do Planejamento, R$ 2,9 bilhões de
impacto para absorção do novo valor do salário mínimo não foram
previstos na LOA (Lei de Orçamento Anual) de 2016.
Maskio afirma ainda que o aumento também atinge outras esferas de
governo. Ele se refere, principalmente, aos municípios, muitos dos quais
têm servidores com renda equivalente ao mínimo.
APOSENTADOS
Para aposentados que recebem acima do piso nacional, o reajuste se dá
apenas pelo INPC. O Congresso chegou a aprovar projeto que estendia a
eles a mesma regra dos que ganham só o mínimo (INPC do ano anterior,
mais o PIB de dois anos antes), mas Dilma vetou a proposta, para não
comprometer o ajuste fiscal. No País, dois terços dos aposentados ganham
o piso.
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David Gouveia Notícias
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