Para o ministro Jaques Wagner, o vice deveria renunciar ao cargo caso o impedimento não seja aprovado no plenário
Derrotado na Comissão Especial do Impeachment, o governo federal passou a tratar abertamente o vice-presidente Michel Temer como "conspirador do golpe", sobretudo após a divulgação de áudio em que o peemedebista se adianta ao afastamento da presidente Dilma Rousseff, a fim de evitar que ele ganhe apoio até a votação em plenário no fim de semana. Coube ao ministro-chefe do Gabinete Pessoal da Presidência, Jaques Wagner, o ataque mais incisivo: ele pediu a renúncia de Temer, caso o impeachment seja derrotado no plenário da Câmara.
"Se Temer for desmentido no domingo, só sobraria a ele a renúncia ao cargo", declarou Wagner, para quem o vice "assumiu a conspiração" e com quem disse não ver mais qualquer hipótese de diálogo.
Ao comentar o resultado da comissão, que aprovou a continuidade do processo por 38 votos a 27, o ministro reconheceu que o placar "era o esperado". O objetivo do Palácio do Planalto era o de ter entre 27 e 32 deputados contrários ao relatório de Jovair Arantes (PTB-GO)
Segundo Wagner, Dilma já estava no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, quando a votação no colegiado foi encerrada, nesta segunda-feira (11). Ela comentou que "infelizmente, a derrota era prevista", conforme o ministro, que procurou demonstrar otimismo para a votação envolvendo todos os 513 deputados: "Vamos lutar pela vitória no plenário até o último instante".
Os votos obtidos pelo governo, segundo Wagner,
representaram 41 5% do total da comissão. Projetando isso para o
plenário, de acordo com o ministro, Dilma conseguiria até 213 votos na
Câmara ou seja, 41 votos a mais que o mínimo de 172 necessários para
rejeitar o afastamento da presidente – a aprovação do processo no
plenário depende necessariamente do apoio de 342 dos 513 deputados.
Jaques
Wagner afirmou acreditar que o resultado pode ser ainda melhor,
apontando que dois votos certos pró-governo não se concretizaram na
comissão: o deputado Washington Reis (PMDB-RJ) não pôde comparecer, por
motivos de saúde, e Bebeto Galvão (PSB-BA) não votou para não contrariar
a orientação do partido favorável ao impeachment. Ambos foram
substituídos por suplentes que votaram contra o governo, mas Bebeto, por
exemplo, estará liberado no plenário para apoiar o Planalto.
O governo vai continuar investindo nos deputados que se dizem indecisos. Também haverá uma ofensiva para resgatar parlamentares que eram favoráveis ao governo, mas estão se posicionando pelo afastamento da presidente.
Confiante na vitória do governo no plenário,
Wagner falou em "repactuação nacional", embora reconheça que a Câmara
possa abrir um novo processo de impeachment, a partir de um dos nove
pedidos protocolados na Casa. "Mas só se quiserem atrapalhar o Brasil."
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