As autoridades iraquianas informaram nesta segunda-feira (4) que
aumentou para 149 o número de mortos em um atentado em Bagdá, capital do
Iraque, ocorrido neste sábado (2), o mais mortal de três grandes
ataques reivindicados ou atribuídos à milícia terrorista Estado Islâmico
em menos de uma semana.
Um caminhão frigorífico cheio de bombas foi detonado em uma rua
movimentada do bairro de Karrada, no centro da capital iraquiana. Foi o
ataque terrorista mais mortal no Iraque em um ano e uma das piores
explosões de bombas em mais de uma década de guerra e insurgência.
Apesar de ser perto da meia-noite (18h em Brasília), muitas pessoas
lotavam a região, a maioria fazendo compras para a festa do Eid al-Fitr,
que marca o fim do Ramadã, na próxima quinta (7).
O caminhão estava estacionado em frente a um movimentado centro
comercial, que pegou fogo depois da explosão. A demora para a chegada
dos bombeiros também influenciou para que o número de mortos fosse mais
alto.
A polícia e funcionários de saúde disseram que o número de vítimas deve
aumentar ainda mais, já que unidades de resgate procuram por pessoas
desaparecidas. Ao menos outras 192 pessoas ficaram feridas, afirmaram
funcionários em condição de anonimato.
Dentre as vítimas, estavam 25 crianças, que celebravam o fim do ano
letivo com suas famílias. Em comunicado nas redes sociais, o sunita
Estado Islâmico assumiu a autoria da ação, dizendo se tratar de vingança
contra os xiitas.
Para a milícia terrorista, os seguidores do xiismo são hereges, motivo
pelo qual devem ser perseguidos assim como fiéis de outras religiões.
Embora o bairro fosse de maioria xiita, quase metade das vítimas eram
sunitas como os extremistas.
Ainda sob o efeito da primeira explosão, a cidade foi atingida por um
novo ataque na manhã de domingo (3). Desta vez, uma bomba explodiu numa
feira do bairro xiita de al-Shaab, matando seis pessoas e deixando 16
feridos.
SEGURANÇA
Horas após a explosão, o primeiro-ministro visitou o local do ataque em
Karada, mas uma multidão furiosa cercou sua comitiva, gritando
palavrões, atirando pedras e sapatos nos automóveis e chamando al-Abadi
de ladrão.
Al-Abadi havia decretado neste domingo que um polêmico dispositivo de
detecção de bombas fosse retirado de serviço. Ele também pediu a
reabertura de uma investigação sobre a aquisição dos detectores
eletrônicos, que têm origem britânica e são chamados 651s ADE.
Além do desligamento de dispositivos, al-Abadi ordenou que sistemas de
raio-X fossem instalados nas entradas de províncias do país.
O primeiro-ministro também pediu a atualização do cinturão de segurança
da capital, maior escaneamento aéreo, uma melhora nos esforços de
inteligência e a divisão de responsabilidade entre várias unidades de
segurança.
Ataques
A capital iraquiana foi atingida dois dias depois de membros da facção
matarem 20 reféns em um restaurante de Dacca, em Bangladesh.
Na última terça (28), foi a vez de 45 pessoas serem mortas por três
homens-bomba no aeroporto Mustafa Kemal Atatürk, em Istambul, ação
atribuída pelo governo da Turquia ao Estado Islâmico.
Em maio, a milícia terrorista chamou seus seguidores a promoverem "um
mês de sofrimento para os infiéis em qualquer lugar", usando como
pretexto o Ramadã.
A convocação foi similar à feita no ano passado e Bagdá também foi o
palco do maior ataque. Em 17 de julho, 115 pessoas morreram na explosão
de um caminhão frigorífico cheio de explosivos.
Perda de território
O Estado Islâmico tem aumentado o número de ataques no Iraque ao mesmo
tempo em que perde território no país. Na semana passada, os extremistas
perderam o controle da cidade de Fallujah para as forças aliadas ao
governo iraquiano.
Esta é a terceira grande cidade perdida pela facção, depois de Ramadi
em fevereiro e Tikrit em março. Delas, os militantes só controlam
Mossul, a segunda maior cidade.
Apesar das vitórias nas batalhas contra o Estado Islâmico, o governo do
primeiro-ministro, Haider al-Abadi, é pressionado pelos iraquianos pelo
aumento dos ataques terroristas às cidades.
Neste domingo (3), ele foi hostilizado ao visitar Karrada, bairro onde
cresceu. Moradores jogaram pedras e sapatos no comboio que o levava. As
autoridades temem que, com os novos ataques, a população volte às ruas
em protestos como os do ano passado.
Por Folhapress
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