Palocci foi ministro da Fazenda (2003-06) do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da Casa Civil (2011) do governo Dilma Rousseff. Ele será levado para Curitiba, onde estão concentradas as investigações da Lava Jato.
De acordo com a PF, o ex-ministro e "personagens de seu grupo político" foram beneficiados com vultosos valores ilícitos.
Para
a PF, foram identificadas negociações quando Palocci era ministro que
acabaram por beneficiar a empreiteira. "Foi possível delinear as
tratativas entre o Grupo Odebrecht e o ex-ministro para a tentativa de
aprovação do projeto de lei de conversão da MP 460/2009 (que resultaria
em imensos benefícios fiscais), aumento da linha de crédito junto ao
BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] para país
africano --com a qual a empresa tinha relações comerciais--, além de
interferência no procedimento licitatório da Petrobras para aquisição de
21 navios sonda para exploração da camada pré-sal".
Ainda
de acordo com a PF, outro núcleo da investigação apura pagamentos
efetuados pelo chamado "setor de operações estruturadas" da Odebrecht
para diversos beneficiários. Eles são alvo de medidas de busca e
condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar
esclarecimentos).
"São apuradas as práticas, dentre outros crimes, de corrupção, associação criminosa e lavagem de dinheiro", informou a PF.
São
cumpridos 45 mandados judiciais nos Estados de São Paulo, Rio de
Janeiro,Bahia, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e no
Distrito Federal. São 27 de busca e apreensão, três de prisão
temporária, e 15 de condução coercitiva.
O
criminalista José Roberto Batochio, advogado de Palocci, afirmou que o
ex-ministro nunca recebeu vantagens ilícitas. Batochio disse que ainda
não tem detalhes sobre os motivos da prisão de Palocci.
Operação antecipada?
Ontem,
o ministro da Justiça Alexandre de Moraes declarou que novas
investigações da Lava Jato seriam realizadas nesta semana. A conversa
ocorreu com integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) em um ato de
campanha em Ribeirão Preto, berço político de Palocci.
Horas
depois, a assessoria de imprensa do ministro informou que a declaração
era apenas uma "força de expressão", usada por Moraes com o intuito de
garantir a continuidade das investigações.
Nome remete à lei do silêncio da máfia italiana
O
nome "Omertà", dado à nova fase da operação, é uma referência ao
codinome "italiano" que a Odebrecht usava para se referir a Palocci, que
tem origem no país europeu. "Omertà" é como é chamada a lei do silêncio
que impera na máfia italiana.
Para
a PF, o nome também "remete à postura atual do comando da empresa
[Odebrecht], que se mostra relutante em assumir e descrever os crimes
praticados."
Os
alvos de mandados de condução coercitiva serão levados às sedes da PF
nas respectivas cidades onde foram localizados e serão liberados após
prestarem esclarecimentos. Os detidos com prisão cautelar decretada
serão levados à sede da Polícia Federal em Curitiba.
Na
semana passada, durante a 34ª fase da operação, o ex-ministro da
Fazenda Guido Mantega (PT) chegou a ser preso pela PF. Mais tarde,
porém, o juiz Sergio Moro mandou soltar o petista. (Com Estadão
Conteúdo)
Fonte:
UOL
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