A partir de janeiro de 2017, meninos de 12 e 13 anos vão passar a
receber a vacina contra o HPV. O anúncio foi feito esta semana pelo
Ministério da Saúde. O HPV é um vírus que atinge a pele e as mucosas,
podendo causar verrugas ou lesões precursoras de câncer, como o câncer
de colo de útero e garganta. Devem ser imunizados 3,6 milhões de
meninos. Até 2020, a faixa etária deverá ser ampliada e passará a ser de
9 a 13 anos.
Em 2014, o governo federal iniciou a imunização
gratuita contra o HPV em meninas de 9 a 13 anos com a vacina
quadrivalente. A faixa etária foi escolhida por apresentar maior
benefício em razão da grande produção de anticorpos e por ter sido menos
exposta ao vírus por meio de relações sexuais.
Confira abaixo
definições e orientações divulgadas pelo Instituto Nacional do Câncer e
pelo Ministério da Saúde sobre a infecção por HPV, sua relação com
diversos tipos de câncer e a importância da vacinação – inclusive para
meninos.
Existe mais de um tipo de vacina?
Há
duas vacinas contra o HPV aprovadas e registradas pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária e que estão comercialmente disponíveis no
Brasil: a quadrivalente, usada na rede pública, que confere proteção
contra os subtipos 6, 11, 16 e 18; e a bivalente, que protege contra os
subtipos 16 e 18.
Como funciona o esquema vacinal para o HPV?
Este
ano, o governo alterou o esquema vacinal do HPV para meninas, reduzindo
de três para duas as doses necessárias (a segunda, seis meses após a
primeira). Apenas mulheres entre 9 e 26 anos com HIV devem continuar
recebendo as três doses, sendo a terceira cinco anos após a primeira.
O
mesmo esquema vacinal será mantido pelo ministério para a imunização de
meninos contra o HPV a partir de 2017 – inclusive a regra de três doses
para os que vivem com HIV.
Quem pode ser vacinado?
Atualmente,
meninas de 9 a 13 anos têm a vacina garantida no âmbito do Sistema
Único de Saúde. A partir do ano que vem, meninos de 12 e 13 anos
passarão a ter o mesmo direito. Outros grupos podem dispor da vacina em
serviços privados.
Vale a pena vacinar homens contra o HPV?
A
eficácia da vacina contra o HPV foi comprovada em homens para a
prevenção de verrugas genitais e lesões precursoras de câncer de pênis e
de ânus. Além disso, vacinar os homens contra o vírus é uma estratégia
que acaba por proteger também as mulheres em razão da chamada imunidade
indireta ou de rebanho, já que o vírus é sexualmente transmissível.
Por quanto tempo a vacina é eficaz?
A
duração da eficácia da vacina contra o HPV foi comprovada até nove
anos, mas ainda existem lacunas sobre a duração da imunidade a longo
prazo e sobre a necessidade de doses de reforço (aplicação de novas
doses da vacina no futuro na população já vacinada).
A vacina contra o HPV é segura?
A
vacina contra o HPV é considerada segura e bem tolerada. Os eventos
adversos mais observados após a imunização incluem dor, inchaço e
vermelhidão no local da injeção, além de dor de cabeça de intensidade
leve a moderada.
Existe contraindicação para a vacina?
A
dose contra o HPV é contraindicada para gestantes, pacientes acometidos
por doenças agudas e pessoas com hipersensibilidade aos componentes
(princípios ativos ou excipientes).
Onde é possível ser vacinado?
A
vacina para meninas de 9 a 13 anos está disponível nos postos de saúde
da rede pública e em escolas que aderirem às campanhas de vacinação. A
mesma estratégia deve ser adotada para a imunização de meninos a partir
de janeiro de 2017.
Qual a relação entre o HPV e o câncer?
A
infecção por HPV é bastante frequente, mas transitória, regredindo
espontaneamente na maioria das vezes. Nos casos em que ela persiste, há
risco de se desenvolver lesões precursoras que, se não forem
identificadas e tratadas, podem progredir para o câncer – sobretudo no
colo do útero, mas também na vagina, vulva, no ânus, pênis, na
orofaringe e boca.
Quais os subtipos mais perigosos?
Existem
mais de 150 subtipos de HPV e cerca de 40 deles podem infectar o trato
ano-genital de homens e mulheres. Pelo menos 13 subtipos são
considerados oncogênicos (com potencial para causar câncer) e apresentam
maior risco de provocar infecções persistentes, além de estarem
associados a lesões precursoras. Dentre eles, o 16 e o 18 estão
presentes em 70% dos casos de câncer do colo do útero registrados no
mundo.
A pessoa infectada necessariamente apresenta sinais e sintomas?
A
maioria das infecções por HPV é assintomática. Isso significa que tanto
o homem quanto a mulher podem estar infectados sem apresentar sintoma
algum. Normalmente, a infecção se apresenta como lesões microscópicas ou
sequer chega a produzir lesões. Portanto, mesmo quando não há lesões
visíveis, não é possível garantir que o vírus não esteja presente.
Quais as principais manifestações da infecção?
Cerca
de 5% das pessoas infectadas por HPV desenvolvem algum tipo de
manifestação. As lesões clínicas se apresentam como verrugas,
popularmente chamadas crista de galo, figueira ou cavalo de crista. Têm
aspecto de couve-flor e tamanho variável. Nas mulheres, elas podem
aparecer no colo do útero, na vagina, vulva, região pubiana, perineal,
perianal e no ânus. Em homens, podem surgir no pênis (normalmente na
glande), na bolsa escrotal, região pubiana, perianal e no ânus. As
lesões também podem aparecer na boca e na garganta em ambos os sexos.
Como o HPV é transmitido?
A
transmissão do vírus se dá por contato direto com pele ou mucosa
infectada. A principal forma é pela via sexual, que inclui contato
oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Assim, o contágio
com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal.
Também pode haver transmissão durante o parto. Não está comprovada,
entretanto, a possibilidade de contaminação por meio de objetos, do uso
de vaso sanitário e piscina ou pelo compartilhamento de toalhas e roupas
íntimas.
Como homens e mulheres podem se prevenir?
Apesar
de recomendado, o uso do preservativo durante o contato sexual, com ou
sem penetração, não protege totalmente da infecção por HPV, já que a
camisinha não cobre todas as áreas passíveis de serem infectadas. Na
presença de infecção na vulva, região pubiana, perineal, perianal e
bolsa escrotal, por exemplo, o vírus pode ser transmitido mesmo com o
uso do preservativo. A camisinha feminina, que cobre também a vulva,
evita de forma mais eficaz o contágio – desde que utilizada desde o
início da relação sexual.
Agência Brasil
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