O ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, disse em entrevista à Folha de S. Paulo
que foi pressionado por Geddel Vieira Lima a produzir parecer técnico
para que aprovasse um imóvel na Ladeira da Barra, em Salvador. Calero pediu demissão do cargo nesta sexta-feira (18). O deputado Roberto Freire (PPS-SP) assume o ministério.
"Entendi que tinha contrariado de maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do governo", afirmou.
O
ex-ministro disse que, pouco mais de um mês após tomar posse, recebeu
ligação de Geddel pedindo para que interferisse no processo de liberação
junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), órgão subordinado à Cultura.
"Até
que, no dia 28 de outubro, uma sexta-feira, por volta de 20h30, recebo
uma ligação do ministro Geddel dizendo que o Iphan estava demorando
muito a homologar a decisão do Iphan da Bahia", disse Calero. "Ele pede
minha interferência para que isso acontecesse, não só por conta da
segurança jurídica, mas também porque ele tem um apartamento naquele
empreendimento. Ele disse: 'E aí, como é que eu fico nessa história?'",
completou Calero.
O
agora ex-ministro disse que teve medo de ter o telefone grampeado. "Eu
fiquei surpreendido, porque me pareceu —não sei se estou sendo muito
ingênuo— tão absurdo o ministro me ligar determinando que eu liberasse
um empreendimento no qual ele tinha um imóvel. Você fica atônito. Veio à
minha cabeça: "Gente, esse cara é louco, pode estar grampeado e vai me
envolver em rolo, pelo amor de Deus". O ministro Geddel tem uma forma de
contato muito truculenta e assertiva, para dizer o mínimo", disse.
Ao blog do jornalista Gerson Camarotti,
Geddel negou que tenha tido desentendimento com Marcelo Callero. "A
última vez que nos encontramos, falamos rapidamente. Estava saindo do
jantar com senadores no Palácio da Alvorada e ele estava chegando. Não
há qualquer desentendimento", disse o ministro da Secretaria de Governo.
Calero na pasta
Atriz do filme, Sônia Braga publicou uma
resposta. “Como pode um ministro dizer que um ato democrático como o
nosso é a representação de um País inteiro?”, indagou Sônia. “Isso é
desconhecimento do que significa plena democracia. Se estivéssemos
falando em nome de todos não precisaríamos, evidentemente, fazer o ato.
Uma coisa é certa: estamos juntos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário