A Câmara dos Deputados decidiu nessa quarta-feira (2) pelo arquivamento
da denúncia de corrupção passiva que pesava contra o presidente Michel
Temer (PMDB). Eram necessários 172 votos para que Temer não fosse
julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A votação encerrou por
volta das 22h. Foram 263 votos sim para a rejeição da denúncia e 227
votos não para a continuidade da investigação, duas abstenções e 19
ausências. 493 parlamentares votaram.
O governo escapa em uma situação dramática e desgastada, tanto nas
tratativas internas - para garantir apoios necessários – quanto diante
da opinião pública - com apenas 5% de aprovação, segundo o Ibope -, e
tendo em vista o recente aumento nos impostos com impacto direto no
aumento dos combustíveis, por exemplo.
A DENÚNCIA
Michel Temer foi denunciado ao STF no dia 26 de junho pelo procurador
geral da República, Rodrigo Janot, com base nas delações de executivos
da JBS, no âmbito da operação Lava Jato. Janot também levou em conta a
gravação em vídeo onde o ex-deputado e ex-assessor do presidente,
Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), aparece carregando uma mala com R$ 500
mil, saindo de um restaurante em São Paulo.
Segundo a PGR, o dinheiro seria entregue ao presidente Michel Temer
como parte de propina acertada com a JBS. Em troca, Temer usaria a
influência do governo no Conselho Administrativo de Defesa Econômica
(Cade) para favorecer a empresa num processo para reduzir o preço do gás
fornecido pela Petrobras a uma termelétrica da JBS. O valor total da
propina, segundo a PGR, era de R$ 38 milhões.
Para Janot, a ligação entre Temer e Rocha Loures foi comprovada numa
conversa gravada que ele teve com um dos donos da JBS, Joesley Batista,
no Palácio do Jaburu, em março, fora da agenda oficial, onde o
peemedebista indica o ex-deputado como pessoa de sua "mais estrita
confiança".
DESDOBRAMENTOS POLÍTICOS
Uma vez denunciado, Michel Temer rebateu a legitimidade da ação da PGR,
chegando a insinuar que a Procuradoria teria sido subornada pela JBS
para fazer a denúncia.
Em sucessivos pronunciamentos não poupou ataques ao procurador Rodrigo
Janot, ao tempo em que se antecipou em escolher Raquel Dodge como nova
procuradora da República, que substituirá Janot a partir de setembro. A
avaliação dos bastidores é que, por não ser alinhada ao modelo de
trabalho de Janot, Dodge pode diminuir a intensidade dos intentos
jurídicos contra o Palácio do Planalto.
Michel Temer também utilizou todos os atos administrativos que pôde,
como pagamentos de emendas e outras benesses, para manter aliados de
partidos importantes que já ameaçaram deixar a base, como o PSDB.
Temer precisou afinar o discurso com Rodrigo Maia [1º na linha
sucessória] para tentar frear a debandada do Democratas. A pressão do
Planalto, ao questionar publicamente lealdade ao DEM, gerou um
desconforto interno ainda maior.
Mesmo evitando seu afastamento, Temer seguirá nas cordas com dias
difíceis, isso porque o procurador Rodrigo Janot deverá apresentar novas
denúncias contra ele por obstrução de Justiça e participação em
organização criminosa.
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David Gouveia Notícias
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