Foto: Adenilson Nunes/ GOVBA |
Levantamento feito pelo jornal Folha de S. Paulo a partir de dados do Conare (Comitê Nacional para Refugiados) aponta aumento nos pedidos de refúgio da nacionalidade após o fim da participação no programa.
Em novembro, foram 321 pedidos. Já em dezembro, foram 400, quase o dobro de alguns dos meses anteriores, quando o número de solicitações variou entre 146 até 257 ao mês. Para comparação, nos últimos dois meses de 2017: 135 e 114 pedidos, respectivamente.
Questionado, o Conare não informa quanto dos pedidos feitos pelos cubanos são de médicos que atuavam no Mais Médicos. A justificativa é que os casos correm sob sigilo.
Representantes do Ministério da Justiça ouvidos pela publicação, porém, afirmam que o fim dos contratos é um fator a ser considerado nesse cenário.
“O ministério não dá informações sobre casos concretos. Contudo, também não é possível ignorar a realidade fática. É sabido que vários cubanos do Mais Médicos não retornaram e foram tidos como desertores”, diz o coordenador do Conare, Bernardo Laferté.
A cubana Doraisy Perez relatou à Folha que seus últimos dois meses têm sido de espera.
Desempregada desde o fim da participação de Cuba no Mais Médicos, ela aguarda notícias de vagas não preenchidas por brasileiros no programa, distribui currículos e aguarda respostas de empresas.
“Não queria voltar, nem tinha como enviar todas as minhas coisas de volta para Cuba”, diz ela, que em dezembro entrou com pedido de refúgio para tentar obter documentos, como carteira de trabalho.
Entre os motivos da escolha pelo refúgio estava o receio de perder em breve o visto temporário devido ao fim do contrato e uma sinalização do então presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que declarou que daria asilo aos profissionais. “Vivemos uma incerteza. O presidente falou que ia dar asilo para todo mundo, mas até agora não manifestou.”
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