Nicolás Maduro disse nesta quinta-feira (21) que a Venezuela irá fechar
sua fronteira com o Brasil esta noite, a partir das 20h, pela hora
local -- 21h em Brasília.
"A partir das 20h de hoje, quinta-feira, 21 de fevereiro, fica fechada total e absolutamente, até novo aviso, a fronteira com o Brasil", afirmou o líder chavista em fala exibida no canal estatal VTV. "Vale mais prevenir do que lamentar."
O anúncio acontece em meio à pressão para que ele permita a entrada de
ajuda humanitária oferecida pelos EUA e por países vizinhos após pedido
do autoproclamado presidente interino Juan Guaidó. Maduro vê a oferta dessa ajuda como uma interferência externa na política do país.
O chavista também está estudando o fechamento da fronteira venezuelana
com a Colômbia. Guaidó iniciou nesta quinta uma viagem em comboio de 800
km à fronteira da Colômbia, onde vai pressionar pela entrada de ajuda
humanitária.
A Guarda Nacional da Venezuela bloqueou a viagem de uma caravana de
deputados da oposição que se dirigem para a fronteira com a Colômbia, o
que obrigou os líderes a descer dos ônibus.
Houve um princípio de conflito, e membros da Guarda lançaram gás
lacrimogêneo nos deputados. O incidente aconteceu no túnel de La
Cabrera, que une os estados centrais de Aragua e Carabobo.
Esta é a segunda vez que a Venezuela fecha sua fronteira com o Brasil em menos de um ano. Em maio de 2018,
venezuelanos e brasileiros foram impedidos de cruzar os limites entre
os países durante três dias por causa da eleição presidencial na qual
Maduro foi reeleito.
Na ocasião, a fronteira foi fechada às 21 horas de 18 de maio, uma
sexta-feira, e assim permaneceu até às 6 horas da segunda-feira, dia 21.
No próximo sábado está marcado um "grande show" no lado colombiano da
fronteira, chamado "Venezuela Aid Live", que foi anunciado no dia 14 de
fevereiro pelo empresário britânico Richard Branson, fundador do Grupo
Virgin.
Na cidade colombiana estão armazenadas toneladas de ajuda humanitária que esperam para serem enviadas à Venezuela. O país há quase cinco anos sofre de escassez de remédios, enquanto os alimentos só podem ser adquiridos a preços que a maioria dos venezuelanos não pode pagar.
Reconhecido por dezenas de países
como o chefe de Estado legítimo da Venezuela, Guaidó disse que seu
movimento pretende recolher a ajuda por terra e mar no sábado para
aliviar a escassez generalizada de alimentos e remédios. Ele fez
campanha para que os venezuelanos se voluntariassem para trabalhar na distribuição da ajuda.
Guaidó anunciou que nesta quinta foram enviadas de Miami a Curaçao mais
50 toneladas de produtos doados por venezuelanos que moram na cidade
americana.
Ainda não está claro como Guaidó planeja receber a ajuda. Integrantes da
oposição sugeriram a formação de correntes humanas através da fronteira
colombiana para passar pacotes de pessoa a pessoa e frotas de barcos
provenientes das Antilhas Holandesas.
Envolvimento do Brasil
O governo brasileiro mobilizou uma força-tarefa de ministérios
para enviar alimentos e medicamentos "ao povo da Venezuela”, que estão
sendo levados até as cidades de Boa Vista e Pacaraima, ambas em Roraima,
e seriam buscados por caminhões venezuelanos, conduzidos por cidadãos
do país vizinho. Os próprios venezuelanos teriam de cruzar a fronteira
com os produtos. A operação acontece em parceria com os EUA.
Pence na Colômbia
Nesta quinta, o governo americano anunciou ainda que o vice-presidente
dos Estados Unidos, Mike Pence, viajará para a Colômbia na segunda-feira
(25) para reforçar o apoio do governo de Donald Trump a Guaidó, em sua
disputa de poder com Maduro.
"O vice-presidente declarará claramente que chegou a hora de Nicolás
Maduro se afastar", afirma a assessoria de Pence em um comunicado. O
texto afirma ainda que o vice-presidente participará da Colômbia em uma
reunião do Grupo de Lima, criado em 2017 para promover uma saída para a
crise venezuelana.
G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário