Em depoimento, ex-governador do Rio diz que mandou R$ 3 milhões de esquema ilegal para campanha do tucano em 2014 e citou outros cinco políticos
Condenado a 198 anos e seis meses de prisão decorrentes de processos
da Operação Lava Jato, Sérgio Cabral (MDB), ex-governador do Rio de
Janeiro, depôs nesta sexta-feira (5) sobre esquema de corrupção com
empresa de transporte público.
Cabral se desculpou perante o juiz Marcelo Bretas, e admitiu que
mandou o dinheiro para a campanha de seis políticos em 2014, entre eles o
então concorrente à presidência Aécio Neves (PSDB). Segundo o mdbista, o
mineiro não participou da reunião, feita com o responsável pela
campanha, mas depois “ligou para agradecer”.
“Tenho uma relação afetiva muito grande com Aécio Neves […] Eu chamei
o Lavouras e mandei procurar o Osvaldo que é o homem que cuidava do
dinheiro dele. O Aécio não participou da reunião, essa reunião foi entre
mim e o Lavouras. Depois, ele me ligou pra agradecer”, revelou Cabral,
que afirmou ainda que R$1,5 milhão foi do dinheiro de repasses ilegais
da Fetranspor, e outros R$ 1,5 milhão advindos de propinas da OAS.
A lista dos beneficiados com o esquema inclui, além de Aécio, o
também ex-governador do Rio, Antonhy Garotinho (PRP), Eduardo Paes
(PRP), o prefeito Marcelo Crivella (PRB), – que corre o risco de sofrer
impeachment – o ex- ministro Moreira Franco (MDB) e Luiz Fernando Pezão
(MDB), que concorreu às eleições e se tornou o sucessor de Cabral no
Palácio da Guanabara.
Sérgio Cabral contou que um dos seus erros foi querer Pezão como o
seu sucessor “a todo custo” e mandou um recado para a classe política:
“Não tentem fazer os seus sucessores a todo custo. Eu quis fazer o Pezão
a todo custo e, para isto, reuni os meus treze principais
colaboradores”.
Ele acrescentou que a “corrupção é uma praga”, que deveria ter
repelido a tentação do “poder”, mas “é irresistível”. Arrependido, o
ex-governador garante que sempre se desculpa com os filhos e com a sua
esposa, Adriana Ancelmo.
Cabral é acusado de receber R$ 144,7 milhões do esquema da
Fetranspor, entre 2010 e 2016, ano em que foi preso. Perguntado por
Bretas se o valor “girava em torno disso”, o político concordou,
diferente da primeira vez em que foi convocado a depôr, no ano passado.
06/04/2019
Cabral diz que Aécio ‘ligou para agradecer’ dinheiro de repasses ilegais
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David Gouveia Notícias
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