Mapeamento do local foi feito por companhia de geointeligência
Agência Brasil
Por Marcelo Brandão – Repórter da Agência Brasil Brasília
O marco zero da mancha de óleo que atinge as praias do Nordeste
brasileiro desde o início de setembro foi localizado entre os dias 23 e
24 de outubro. A mancha original tinha 200 quilômetros de extensão e
estava a pouco mais de 700 quilômetros da costa brasileira. O mapeamento
do local exato onde o vazamento começou foi feito pela empresa Hex
Tecnologias Geoespaciais.
“Nos interessamos por esse tema e começamos a fazer essa
investigação. Usamos diversos tipos de imagens provenientes de satélites
ópticos e de radar. Fomos montando um exercício dia a dia para o
passado, até que nos deparamos com a mancha, o ponto zero”, explicou
Leonardo Barros, diretor-executivo da empresa.
Os técnicos da empresa encontraram o ponto inicial da mancha seguindo
o rastro do óleo, utilizando imagens de dias anteriores até chegar à
resposta. Em seguida, buscaram o navio que, supostamente, vazou o óleo.
Foram feitos cruzamentos de imagens de radar com os sinais Automatic
Identification System (AIS) emitidos pelos navios.
“Neste momento nós conseguimos achar uma determinada embarcação que
coincidiu a data, localização e trajetória”, disse Barros. Segundo ele,
não foi identificado nas imagens de satélite de radar nenhum navio
“fantasma”, ou seja, embarcação navegando sem um sinal AIS
correspondente.
Na última sexta-feira (1), a Polícia Federal anunciou que o navio é
proveniente da Grécia. A embarcação grega teria atracado em 15 de julho
na Venezuela, onde ficou por três dias antes de seguir para Singapura,
via África do Sul.
Barros disse que cessou o monitoramento assim que o navio chegou à
África do Sul, mas disse ser possível precisar a localização atual da
embarcação com as mesmas técnicas de monitoramento.
Os estudos da Hex foram entregues à Polícia Federal no dia 25 de
outubro. As investigações, que começaram no final de setembro de forma
espontânea, passaram a ser acompanhadas pela Agência Brasileira de
Inteligência (Abin). “A Abin nos contatou e nos questionou se tínhamos
algum know how [para auxiliar nas investigações] e dissemos que já
estávamos fazendo essas análises. Quando tivemos a primeira informação
da mancha, informamos a Abin e ela nos orientou a destinar todo o
resultado desse trabalho para a Polícia Federal”.
Investigações da PF
A Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Mácula, com objetivo de
investigar a embarcação suspeita, identificada nos radares. A PF
solicitou diligências em outros países, a fim de obter mais dados sobre a
embarcação, a tripulação e a empresa.
A PF esteve na sede do escritório da Witt O’Brien’s, empresa
especializada em gerenciamento de emergências em navios. Em nota, a
empresa negou trabalhar para a embarcação grega suspeita do derramamento
de óleo. “A Witt O´Brien’s informa a todos que, esse navio ou seu
armador jamais foi cliente da Witt O’Brien’s no Brasil e que o Brasil
não exige que navios tenham contratos pré-estabelecidos para combate a
emergências. […] A Witt O´Brien´s Brasil afirma que está à disposição
das autoridades brasileiras e que contribuirá com todas as informações
necessárias”.
A PF informou que está realizando “diversos exames periciais no
material oleoso recolhido em todos os estados brasileiros atingidos, bem
como exames em animais mortos, já havendo a constatação de asfixia por
óleo, assim como a similaridade de origem entre as amostras”.
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