Uma nova reportagem da série Vaza Jato, publicada pelo site The
Intercept, revela mais um abuso judicial cometido contra o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva no âmbito da Lava Jato, investigação que foi
decisiva para derrubar a ex-presidente Dilma Rousseff e permitir a
ascensão do bolsonarismo no País. "A força-tarefa da operação Lava Jato
em Curitiba recebeu uma investigação sigilosa sobre o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva antes de fazer um pedido formal para o
compartilhamento dela. O caso ocorreu durante os preparativos para a
operação que obrigou o petista a prestar depoimento, em 2016. Semanas
antes da condução coercitiva de Lula, os procuradores de Curitiba
obtiveram a cópia de uma apuração que, oficialmente, só seria
compartilhada um mês depois por colegas do Ministério Público Federal no
Distrito Federal", aponta a reportagem do jornalista Rafael Neves.
Segundo aponta o jornalista, "a apuração sigilosa era um Procedimento
Investigatório Criminal, ou PIC, instrumento usado pelo Ministério
Público Federal para iniciar investigações preliminares sem precisar de
autorização da justiça." Ele lembra ainda que, desde que foi obrigada a
entregar seu banco de dados à Procuradoria-Geral da República, no
início de julho, a força-tarefa afirma que "o compartilhamento de PICs é
indevido e que deveria ser pontual, feito apenas mediante justificativa
cabível e pedido formal" e que "o compartilhamento atualmente está
suspenso por decisão do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal
Federal."
No entanto, quando o alvo era o ex-presidente Lula, nenhuma regra era
respeitada. "Quando lhe foi conveniente, porém, a equipe liderada por
Deltan Dallagnol se aproveitou da falta de normas claras sobre
compartilhamento de provas no Ministério Público para 'dar uma
olhadinha' em investigações de colegas", aponta o jornalista Rafael
Neves. "Na prática, isso quer dizer que os procuradores de Curitiba não
julgaram necessários os ritos e formalidades que agora exigem da PGR."
Em um desses PICs, aberto por procuradores do MPF em Brasília,
apurava-se um possível tráfico de influência de Lula para ajudar a
empreiteira Odebrecht a fechar contratos com financiamento do Banco
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o BNDES, no exterior.
Fonte: www.brasil247.com
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