Membros do clero católico abusaram sexualmente de mais de 200 mil menores na França nas últimas sete décadas, de acordo com uma pesquisa realizada como parte de uma investigação independente sobre abusos dentro das estimativas da Igreja.
O relatório histórico, que deve ser publicado nesta terça-feira (5), sugere que cerca de 216 mil menores foram abusados entre 1950 e 2020.
Este número sobe para cerca de 330 mil quando inclui vítimas de abusadores que não eram clérigos, mas tinham outros vínculos com a Igreja, como escolas católicas e programas para jovens, de acordo com Jean-Marc Sauvé, presidente da Comissão Independente sobre Abuso Sexual na Igreja (CIASE), que é a autora do relatório.
Estima-se que entre 2.900 e 3.200 clérigos pedófilos tenham trabalhado na Igreja Católica francesa desde os anos 1950, disse Sauvé antes da divulgação do relatório. Estes números foram divulgados em uma pesquisa para a comissão do Instituto Nacional de Saúde e Pesquisa Médica da França.
O instituto trabalhou com a agência de pesquisas IFOP para pesquisar uma amostra nacional representativa de mais de 28 mil pessoas com mais de 18 anos, de forma online, entre 25 de novembro de 2020 e 28 de janeiro de 2021.
O relatório estimou o número de sobreviventes em todo o país ao longo do tempo com base no número de entrevistados que disseram ter sofrido abusos.
A pesquisa nacional veio além de uma chamada pública para depoimentos de vítimas, Sauvé disse à CNN antes da divulgação do relatório.
Apresentando as descobertas da investigação nesta terça-feira, Sauve disse que as crianças eram mais propensas a sofrer abusos dentro da Igreja Católica do que em escolas públicas ou acampamentos de verão – ou em qualquer ambiente que não seja a família.
O problema era sistêmico e a violência sexual não se limitava a “algumas ovelhas negras que se afastaram do rebanho”, disse Sauvé à CNN antes da publicação do relatório.
“Quando foi informada dos abusos, [a Igreja] não tomou as medidas estritas necessárias para proteger as crianças dos abusadores”.
No início deste ano, ele disse à CNN que temia ser “muito possível que as vítimas chegassem a pelo menos 10 mil”. Mas acredita-se que o número final de menores abusados seja mais de 30 vezes maior do que a estimativa inicial, de acordo com o relatório. A CNN entrou em contato com a Igreja Católica Francesa para comentar o assunto.
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