Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Integrantes do PSB mostraram a Geraldo Alckmin, em vias de se desfiliar do PSDB, resultado parcial de pesquisas internas com o impacto no eleitorado da Grande São Paulo caso o ex-governador se junte como vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
De acordo com esses políticos, o levantamento mostra que Lula ganharia votos em São Paulo com o apoio do ainda tucano, que governou o estado por quatro mandatos, o que o levaria a ficar mais próximo de uma vitória em primeiro turno.
Por outro lado, a mesma pesquisa teria mostrado que Alckmin perderia cerca de metade do eleitorado caso decida mesmo se aliar ao petista.
O levantamento foi feito na tentativa de subsidiar a decisão de Alckmin de ir para o PSB e tentar convencê-lo de que o projeto nacional é um bom negócio.
O esforço é feito enquanto as direções das siglas conversam sobre os termos de uma eventual aliança na disputa presidencial e da formação até de uma federação entre partidos de centro-esquerda.
Em reunião na quarta-feira (1º), o presidente do PSB, Carlos Siqueira, reiterou à presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), que o partido gostaria de ter o apoio dos petistas para concorrer ao governo de seis estados em 2022 como condição para se unir a Lula.
À reportagem Gleisi confirma que Siqueira reforçou o pedido de apoio nesses locais, mas afirma que esta não é uma exigência para que as conversas prossigam. Ela reconhece, porém, que a situação mais delicada é São Paulo.
Durante a reunião de quarta, Gleisi disse a Siqueira que o PT não pediu a Alckmin que se filie ao PSB nem que o partido aliado faça essa solicitação. Se o ingresso de Alckmin no partido aliado vier a ocorrer, diz Gleisi, o PT estará aberto a conversar.
Quem esteve com o tucano nos últimos dias disse ter sentido o ex-governador de São Paulo bastante indeciso. A expectativa de pessoas próximas a Alckmin é a de que ele se desfilie do PSDB nos próximos dias, mas que demore a escolher o novo partido.
A própria presidente do PT diz que Lula afirmou internamente que só anunciará oficialmente se será candidato em fevereiro ou março.
Conforme publicou o jornal Folha de S.Paulo no mês passado, o PSB quer o apoio do PT para seus candidatos a governador no Acre, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, além de São Paulo, onde o partido pretende lançar o ex-governador Márcio França.
Para isso, o PT teria de retirar a pré-candidatura de Fernando Haddad (PT), o que tem se mostrado um importante ponto de divergência entre as duas siglas.
No Espírito Santo, o PSB quer que os petistas não lancem candidato e fiquem neutros na disputa.
Gleisi diz que o PT está conversando sobre essas costuras, mas que não há nenhuma condição imposta na negociação.
"Nunca é faca no pescoço. Política é processo. Requer o exercício de ceder. Ele coloca os interesses que eles têm e como a gente pode trabalhar para chegar a um bom termo. Se vamos chegar, não sabemos", disse.
A prioridade do PT, segundo Gleisi, é a candidatura de Lula, mas o partido também demonstra interesse em composições no Rio Grande do Norte, para lançar Fátima Bezerra (PT) à reeleição, na Bahia, no Piauí e em outros estados.
A reunião desta quarta teve como pano de fundo o debate sobre a formação de uma federação que una PT ao PSB. Ambos os partidos deram inícios a discussões internas.
Além do encontro com Gleisi, Siqueira recebeu nesta quarta a bancada do PSB na Câmara. Dos 25 parlamentares presentes, só o deputado Heitor Schuch (RS) foi contra a federação, sob o argumento de divergências no estado.
Siqueira disse que convocou para a próxima semana uma reunião com os dirigentes estaduais do partido, para tratar das eleições, e que o tem federações deve ser abordado.
"Há apoio da bancada, mas essa não é uma decisão que não é da bancada, mas da direção do partido, e isso será levado à direção no momento oportuno", disse Siqueira. "Esse é um assunto sério e não pode ser decidido de afogadilho."
O PT também reuniu a bancada de deputados federais e estaduais e, ainda em dezembro, deve reunir a Executiva e o diretório nacional do partido para deliberar sobre o assunto.
A federação partidária é uma novidade da legislação, tendo sido aprovada pelo Congresso neste ano como forma de salvar alguns partidos da extinção.
Ela tem o objetivo também de driblar, em termos, a proibição de que as siglas façam coligações para disputar as vagas na Câmara dos Deputados e nas Assembleias Legislativas.
Nas coligações, os partidos se uniam só para disputar a eleição, em acertos que variavam de estado a estado. Abertas as urnas, eles não tinham nenhum compromisso entre si.
Já nas federações, os partidos que a compõem são obrigados a atuar de forma unitária nos quatro anos seguintes, nos níveis federal, estadual e municipal, sob pena de sofrerem várias punições.
Essa união em coligações ou federações é importante para vários partidos pois o sistema de eleição atual, o proporcional, distribui as cadeiras do Legislativo com base nos votos obtidos por todos os partidos que formam a chapa. Ou seja, quanto mais robusta a união, mais chance de eleger parlamentares.
Além disso, os partidos que não atingirem no mínimo 2% dos votos válidos nacionais para a eleição para a Câmara em 2022 perdem direito a mecanismos essenciais à sua sobrevivência, como verba pública e espaço na propaganda.
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