Ministro das Relações Exteriores lamenta veto americano à resolução apresentada pelo Brasil no Conselho de Segurança
(Foto: Ricardo Stuckert/PR) |
A equipe do Brasil à frente da presidência do Conselho de Segurança da ONU, sob orientação do presidente Lula, não aceitou entrar no “jogo” do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e insistiu na votação da resolução que determinava uma pausa humanitária entre Israel e Hamas.
O texto proposto pelo Brasil recebeu 12 voto favoráveis, mais do que o necessário para a aprovação, mas foi vetado pelos Estados Unidos. Os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Estados Unidos, Reino Unido, França e Rússia) têm poder de veto.
Biden não queria a votação da proposta enquanto estava em viagem a Israel. Sua estratégia era tentar fazer negociações diretamente com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e acertar um corredor humanitário, evitando medidas contra Israel e um cessar fogo.
O Brasil foi contra. Aceitou adiar a votação de terça (17) para quarta-feira (18), mas não mais do que isso. No final, o bloqueio dos EUA ao texto se tornou alvo de críticas praticamente unânimes no Conselho de Segurança.
Países como França e China não só criticaram os Estados Unidos, como fizeram questão de elogiar a condução das negociações pela equipe de diplomatas do Brasil. Os dois países destacaram que o texto acertado era o melhor e o possível neste momento.
Por sinal, depois da votação da resolução, a avaliação do Palácio do Planalto é que as negociações mostraram que o país ganhou um papel de destaque e de importância dentro da organização.
E tornou muito mais explícita a necessidade de se reformular o atual modelo do conselho da ONU, em que apenas um dos cinco membros permanentes tem o poder de vetar algo que os demais 14 integrantes possam autorizar.
O Brasil sabe que hoje não há muito espaço para fazer essa mudança. Mas pelo menos ganhou munição para futuras discussões. Em meio a um grave conflito, mudar as regras de funcionamento do Conselho de Segurança da ONU é praticamente impossível.
Sobre o veto dos Estados Unidos, diplomatas brasileiros reforçam críticas que estão sendo feitas ao governo norte-americano: no caso da guerra da Rússia na Ucrânia, Biden tem acusado Putin de cometer crimes de guerra, mas no caso de Israel e Hamas, ele não tem falado no excesso e na reação desproporcional israelense, punindo também civis palestinos na região da Faixa de Gaza.
Apesar do veto à resolução brasileira, o Brasil, como presidente do Conselho de Segurança da ONU, vai insistir em negociações que discutam um cessar-fogo entre Israel e Hamas e a criações de corredores humanitários.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, viajou para Nova York nesta quarta-feira e vai presidir, no próximo dia 24, um debate aberto de Alto Nível do Conselho de Segurança sobre a temática do Oriente Médio, com discussões sobre o conflito na Palestina.
Segundo a equipe de Mauro Vieira, o Brasil não vai dar-se como vencido e seguirá buscando construir acordos que aliviem a “dramática situação humanitária” e a solução de dois Estados, Israel e Palestina.
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