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Papa Francisco - Getty Images |
Após a morte do Papa Francisco, aos 88 anos de idade, na última segunda-feira, 21, o Vaticano anunciou que o funeral do líder da Igreja Católica acontecerá no próximo sábado, 26, às 10h (05h em Brasília).
Ainda no sábado, o pontífice será sepultado na Basílica de Santa Maria Maggiore, em Roma. O rito final de Francisco acontecerá três dias depois do velório, na Basílica de São Pedro, que terá início na quarta-feira.
Embora, neste momento, grande parte das atenções estejam voltadas à escolha do sucessor do papa, o Vaticano atualmente tem uma prioridade mais urgente: o embalsamento de Francisco.
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Papa Francisco - Getty Images |
Afinal, com o clima quente e úmido em Roma, o corpo do papa precisará ser embalsamado para evitar o rápido início da decomposição. Entenda como será o processo!
O embalsamento do papa
Conforme recorda matéria do Daily Mail, historicamente, os detalhes desse processo variam de papa para papa. Francisco, por exemplo, deverá ter o sangue drenado de seu corpo e ser inundado com produtos químicos conservantes.
Assim, as veias de seu pescoço serão abertas e inseridas uma mistura, provavelmente, contendo corantes, álcool, água e formaldeído. Como acontece com uma transfusão de sangue, essa mistura percorrerá seu sistema circulatório e 'expulsará' seu sangue congelado — o que aceleraria o processo de decomposição.
Já a mistura de formaldeído ficará 'responsável' por matar as bactérias restantes e fará a ligação das proteínas nas células do papa; impedindo que as enzimas do próprio corpo as quebrem. Isso fará com que Francisco permaneça sem sinais óbvios de decomposição, mesmo após passar três dias em uma câmara fúnebre e sendo visitado por milhões de fieis.
O Daily Mail recorda que, no passado, os corpos dos papas falecidos eram 'preparados' com métodos tradicionais, incluindo a remoção de órgãos e a fricção da pele com ervas e óleo. Seus corpos também eram lavados com soda cáustica para ajudar no processo de secagem, enquanto seus orifícios eram selados com ervas, algodão e cera — evitando que fluidos pútridos vazassem durante o velório.
A mudança de processo
A partir do século 20, o Vaticano passou a adotar métodos mais convencionais de embalsamamento, conforme explica Nikola Tomov, anatomista da Universidade de Berna, em artigo publicado em 2018, onde explica que o primeiro papa a receber um embalsamamento "moderno" foi o Papa Pio X, que morreu em 1914.
Quando ele foi exumado, descobriram que ele havia sido tratado com uma mistura química que deixou seu corpo marrom — embora seu desejo tenha sido de não ser embalsamado. As mudanças foram consolidadas por conta do embalsamamento desastroso e malsucedido de Papa Pio XII, falecido em 1958.
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Papa Pio XII - Domínio Público |
O médico papal Riccardo Galleazi-Lisi, que foi o responsável pelo processo, acreditava ter descoberto o método usado para preservar o corpo de Jesus. Assim, ao invés de manter o corpo do papa fresco ou drená-lo, ele o colocou em um saco plástico junto de ervas, especiarias, óleos e resinas — o que acelerou consideravelmente seu processo de putrefação.
Desde o episódio, a preparação dos corpos papais vem seguindo os processos padrão dos agentes funerários modernos, onde, para o embalsamento, primeiro o corpo passa por um cuidadoso processo de lavagem para que seja removida qualquer bactéria que possa estar na superfície.
Depois, conforme o processo do rigor mortis acontece, com o enrijecimento dos músculos após a morte, o corpo fica rígido e a mandíbula força a boca a abrir. Com isso, o agente funerário faz diversos processos estéticos para deixar o corpo do falecido o mais natural possível — o que inclui selar seus olhos com tampas de plástico e prender sua mandíbula com arame, além de colocar algodão em seu maxilar para deixá-lo com uma expressão facial mais relaxada.
Após a preparação, o agente funerário terá que fazer uma pequena incisão acima da clavícula do papa, retirando sua artéria carótida e também a jugular. Enquanto isso, seus vasos sanguíneos estarão abertos e conectados a uma máquina de embalsamento — que bombeará um fluido de embalsamamento através da artéria carótida, empurrando o sangue para fora da jugular. A mistura serve, além da conservação, para dar ao corpo um tom mais realista.
Em seguida, um grande aspirador em forma de agulha é inserido no abdômen e usado para extrair todo o fluido e conteúdo intestinal antes que mais líquido de embalsamamento seja bombeado para dentro. É importante que todos os fluidos corporais sejam removidos para dar espaço ao fluido de embalsamamento e para remover quaisquer micróbios nocivos que possam começar a decompor o corpo.
Por fim, vale relembrar que, historicamente, alguns papa tiveram seus órgãos removidos para ajudar no processo de preservação do corpo. Em alguns casos, os órgãos eram embalsamados separadamente, criando uma espécie de relíquias religiosas.
Exemplos disso estão na Igreja dos Santos Anastácio e Vicente, perto da Fontana di Trevi, em Roma, que guarda o fígado, o baço e o pâncreas preservados de 22 papas diferentes. No entanto, desde o papa Leão XIII, que morreu em 1903, ficou decidido que o corpo do Papa deveria permanecer intacto — diferente do que acontece com uma múmia egípcia.
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